quinta-feira, 24 de abril de 2014

Death of Love

Essa história eu me inspirei, não é autoria, uma homenagem.
Primeiramente a Drácula, um dos meus personagens preferidos.
Também para um álbum de Cradle of Filth, Godspeed on the Devils Thunder, especificamente a faixa Death of Love.

Depois de muitas guerras travadas, um homem perde o sentido da vida. Não há porque viver por si mesmo, glórias e poder perdem completamente o sentido. O que resta é sua família, seus filhos são seu sangue e seu futuro. O que resta então para um homem sem descendentes?

Sempre amei e sempre amarei minha esposa, mas ela por alguma razão foi amaldiçoada com um ventre cheio de areia. Nada nasce ou cresce em seu interior. E por mais que isso me faça infeliz, acho que faz ela ainda mais infeliz. Eu não sou um homem romântico, de ficar me derretendo em palavras. Sempre fui muito prático e direto. Ela sabe como eu a amo, bem como a falta que me faz não ter filhos.

Muitas guerras travadas, muitas vitórias e um pouco de misericórdia, são a formula perfeita para gerar inimigos. Eu tinha muitos, mas meu nome ainda era o suficiente para fazê-los tremer, e meus exercitos para fazê-los gritar. Mas nem mesmo o mais bem recompensado exército, está livre de homens gananciosos. O meu não era exceção a isso.

Um desses homens, agora enterrado (vivo), trouxe meus inimigos até meu acampamento em uma noite sem lua, fui preso e levado cativo para um de seus castelos. Eu estava tranquilo, não tinha muito a perder. Era o que eu pensava.

Não me torturaram uma vez sequer, me trataram bem, eu tinha espaço e alimento em abundância. Até aquele dia. O dia que eu abandonei a humanidade e perdi qualquer resquício de bondade que podia existir em um velho senhor da guerra.

Minha esposa, minha jovem e bela esposa. Sequestrada, amarrada e amordaçada. Despida rudemente em minha frente, enquanto eu me segurava com todas as forças para não gritar. Não queria dar esse prazer a eles. Foi amarrada em uma armação de madeira em formato de X. Chicoteada, por dias, por noites, mantida viva por alguma formula alquímica. Não há tortura maior que ver alguém que você ama sofrendo, sofrendo por sua causa e não poder fazer nada. Mas mesmo sem poder, eu iria fazer.

Em uma noite, desapercebido, consegui sair da minha cela. Silenciosamente, fui até onde prendiam minha esposa. Os seguranças, idiotas, dormindo. Eu poderia matá-los , facilmente, mas havia coisas mais importantes a fazer.  Silenciosamente, me aproximo dela, sussurro:
-Meriwen – seu verdadeiro nome era Merian Arwensong.

Seu abrir de olhos foi uma das coisas que mais me doeu em toda minha vida. Ela simplesmente me disse:
-Eu te amo, mate me.

Mesmo se ela pedisse outra coisa, eu não poderia dar nada melhor para ela, não após tanto sofrimento. Retiro as poções de seu sangue, toco levemente seu pescoço, e aperto com todas as minhas forças.
Seus penúltimos suspiros foram chamados pela leve brisa, seus olhos puros cheios de lágrimas, derramando verdade. Então em um brilho dourado, como o nascer do paraíso, deixando seus gritos e quebrando meu coração.

E em um laço de chamas, eu conheci a morte do amor.

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