segunda-feira, 28 de abril de 2014

Crônicas de um cego

Mais uma ideia advinda de uma música.
Signs for the Fallen de Suidakra me deu a ideia de escrever sobre um cego, que descobriu um mundo completamente diferente, através da cegueira.
É uma introdução curta, de uma história que nunca conseguiu sair totalmente da mente.



Diz um ditado, abençoados são cegos, pois sua consciência não se mistura com a do mundo.

Eu nem sempre fui cego,mas já sou por tempo suficiente para não me lembrar, exceto em sonhos, de como são as cores. Apesar do medo inicial, ser cego foi algo maravilhoso em minha vida. Desde que aprendi a enxergar, ao invés de ver. Percebo o mundo de maneira muito melhor que eu poderia esperar.

Hoje mesmo velho, tenho meus sentidos bem mais precisos que quando podia ver. Acho que a degradação dos sentidos não é tão grande quando um deles já se degradou totalmente. Hoje, mesmo sem vê-los, percebo as diferenças entre sorrisos. Diferencio muito melhor cada um dos muitos choros e coisas que não saberia por como explicar.


Um bom exemplo, eu uso minha bengala apenas para não chamar a atenção, em qualquer lugar que eu já estive mais de uma vez,não necessito dela.
Sinto o cheiro de boa refeição de longe e simplesmente por esse cheiro, sei textura dos ingredientes. Todos os meus sentidos se tornaram um. Um sentido muito melhor que eu esperaria, tudo por um par de olhos a menos. Acho que seria bom contar a história de tão gratificante perda.

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